De acordo com o nosso roteiro, hoje partimos de Osaka para uma das cidades mais carregadas de história, uma história triste e que nem sempre queremos lembrar, um drama para o Japão: Hiroshima.
Como não tínhamos horário marcado do trem (O JR Pass permite marcar o horário na hora, e a frequência de trens entre Osaka e Hiroshima é bem grande), fomos tomar o café com calma no Ibis Styles Osaka e tomamos um susto ao chegar no andar do refeitório, pois havia uma fila enorme de pessoas para entrar no salão do café da manhã.
Prontamente e educadamente entramos no fim da fila e aguardamos a nossa vez de entrar no salão. Quando finalmente chegou a nossa vez, demos o número do quarto à atendente que pôs-se a verificar e foi quando vimos que o nosso número estava grifado de amarelo, destacado pois somos clientes fidelidade Accor categoria gold. Meu Deus!
A atendente ficou perplexa e se desculpou imensamente por termos tido que aguardar na fila. Ela se curvava ao pedir desculpas e ainda pediu encarecidamente que não mais ficássemos na fila, nos próximos dias poderíamos apenas ir direto à porta e dar o número do quarto.
O café da manhã daqui era muito mais rico em sabores orientais, as tradições de comidas quentes e salgadas, refeições inteiras estavam ali presente, seja no Yakisoba tradicional ou nos bolinhos de peixe e especiarias, legumes cozidos e algumas coisas não muito apetitosas ao olhar ocidental. Muita coisa com milho e soja, sopas e caldos, chás mas ainda assim tinha também pães e bolos como o café ocidental. Enfim, um belo café para começar o dia.
Por fim fomos para a estação de trem e pegamos já o trem das 10 para Hiroshima, uma viagem de cerca de 2 horas e por isso já chegamos lá por volta de meio dia.
Mas antes de conhecer Hiroshima propriamente dita, na estação de trem mesmo saímos do Shinkansen para um trem local, para seguir mais um pouquinho a viagem. Iríamos dar uma passadinha rápida em Miajima, uma pequena ilha bem próxima de Hiroshima. O trem deixa pertinho da estação de Ferry. O JR Pass, o passe ferroviário que contratamos para esta viagem cobre também a barca até Miajima e o trem local, de modo que esse desvio de roteiro saiu de graça e pudemos conhecer, mesmo que de relance, mais uma paisagem.
Pegamos quase que imediatamente a barca com destino a Miajima. Calculamos o horário para coincidir com a maré alta – nos horários de maré alta, o ferry faz o percurso bem perto do famoso portal dentro do mar ou o Grande Torii, que os japoneses acreditam ser sagrado limita o mundo real e o espiritual.
Como a idéia hoje era um bate-e-volta em Hiroshima, não daria tempo para uma visita mais aprofundada em Miajima. Portanto, depois do passeio de barca até o Torii, retornamos para a estação de trem de Hiroshima, para conhecermos o parque.
No trem, retornando de Miajima para Hiroshima, resolvemos otimizar um pouco mais o tempo. Pesquisamos um pouco pelo Google e vimos que Hiroshima tem um serviço de bonde bem tradicional e que poderíamos pegar bem na estação de trem e que nos deixaria bem pertinho do Parque da Paz, que gostaríamos de visitar. Para nossa surpresa, aqui também o cartão Suica, que fizemos em Tokyo e usamos em Osaka, também funcionava no bonde, o que facilitou mais ainda as coisas.
Chegamos então à Hiroshima e fomos direto de bonde para o Parque da Paz, a região onde caiu a bomba atômica durante a II Grande Guerra, dizimando a cidade matando milhares de pessoas e trazendo consequências ainda por muito tempo após o ataque. Um lugar de muita tristeza, mas também onde se vê a presença da resiliência humana, o poder de se reerguer do nada tão presente e tão forte em toda a história japonesa.
O parque contém diversos monumentos remetendo à terrível explosão e também com a temática da paz, conforme as legendas das fotos que separamos a seguir.
Após visitar os principais monumentos do parque, nos dirigimos para o Museu da Paz, que conta a história da explosão da bomba atômica de Hiroshima e suas consequências.
O museu conta um pouco da história da cidade, sobre como tudo mudou naquele 6 de agosto de 1945, e traz objetos recuperados durante as buscas pelos sobreviventes.
Estes objetos são a parte mais forte da exposição, pois mostram as incríveis forças que atuaram sobre as pessoas, matando instantaneamente milhares de pessoas e deixando sequelas em outras tantas.
Uma das partes mais impressionantes são os objetos, tais como garrafas e telhas, que podem ser tocados pelos visitantes e mostram como o material se transformou profundamente devido à radiação e o calor.
A visita é bem emocionante, mas importante para mostrar para os nossos filhos todos os horrores da guerra, para tentarmos assim que eles não se repitam.
O Sol já ia se pondo, e começamos a sair do parque, para iniciarmos nosso trajeto de retorno à Osaka.
A temperatura foi baixando e resolvemos aproveitar e jantar ainda em Hiroshima. Paramos em um restaurante no caminho até a estação de trem, pois o achamos simpático. Era o Yayoiken, um restaurante de rede com uma ambientação muito agradável. E a comida estava ótima!
De lá, seguimos novamente de bonde até a estação, onde aproveitamos para olhar um pouco os souvenirs típicos da cidade.
Há no Japão uma cultura de dar pequenos presentes sempre que se se viaja, mesmo que seja uma viagem curtinha de um dia. Assim sendo, todas as estações de trem-bala possuem lojas enormes, com guloseimas e lembranças típicas de cada lugar. Em Hiroshima não seria diferente!
A Isabel comprou um pequeno polvo de pelúcia, batizado de Hiro, em homenagem à cidade. A Bia aproveitou e foi sozinha comprar um chaveiro de Hiroshima, e se virou bem com a caixa e com o japonês básico: Ariogatou Gozaimasu!
Pegamos nosso Shinkansen e retornamos a Osaka. Chegamos no hotel próximo das 11 da noite, cansados mas realizados.
Ao chegarmos ao hotel, uma surpresa! Tínhamos mais 4 garrafas d’água no quarto…. Bom para usar já no dia seguinte, onde iríamos conhecer mais uma das antigas capitais do Japão: Nara!
See ya!
Dicas deste post:
- Se você for utilizar o JR Pass, procure organizar seu roteiro para utilizar ao máximo os transportes já cobertos pelo passe. No exemplo de hoje, o pulinho em Miajima foi totalmente gratuito!
- Utilizamos no dia de hoje pelo menos 5 modais diferentes: metrô, trem-bala, trem local, barca e bonde(2 tipos)!
- Se você encontrar um souvenir em uma cidade do Japão e te interessar, compre! Mesmo os produtos “de rede” como Kit-Kats, têm distribuição limitada a determinados lugares.
- Cada cidade tem uma comida/biscoito/doce típico. Vale muito a pena experimentar os diversos sabores do Japão.
- O Suica Card valeu em todos os meios de transporte que utilizamos em todas as cidades do Japão que visitamos. Vale muito adquirir o seu logo ao chegar, pois simplifica muito a questão do dinheiro para o transporte.
- No site http://jr-miyajimaferry.co.jp/en/timetable/ você pode pesquisar os horáris da barca de Miajima e, principalmente, ver os horários em que o serviço passa bem pertinho do grande portal na água.
- Você pode adquirir o status Gold na rede Accor por aproximadamente 99 Euros a cada 2 anos. Se você se hospeda muito com eles, pode valer bastante em benefícios e pontos extras para sua próxima viagem!
- No exemplo de hoje, mostramos que o status Gold garantiu fácil pelo menos uns 15-20 minutos todo o dia, por não termos que enfrentar fila para o café da manhã. E tempo, em uma viagem, é um dos recursos mais importantes.